
O mercado internacional de petróleo começou a semana em um cenário de forte divisão entre dois fatores que têm influenciado diretamente os preços da commodity: o risco geopolítico e o excesso de oferta. Segundo análise da Terra Investimentos, essa dualidade tem gerado incertezas entre investidores, que acompanham atentamente os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, e as projeções de superávit de produção para os próximos trimestres.
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Neste artigo, vamos explorar os principais elementos que estão moldando o comportamento do petróleo no início de setembro, com base nas informações divulgadas pela Terra Investimentos e em relatórios de mercado. Acompanhe os impactos sobre os preços, os riscos envolvidos e as perspectivas para o curto e médio prazo.
Queda nos contratos futuros e volatilidade nos preços
Na última sexta-feira (29), os contratos futuros de petróleo encerraram em queda. O WTI para outubro recuou 0,91%, fechando a US$ 64,01 o barril na Nymex. Já o Brent para novembro caiu 0,73%, sendo negociado a US$ 67,48 o barril na ICE. Apesar da queda diária, ambos os contratos acumularam leve alta na semana — 0,55% para o WTI e 0,39% para o Brent — mas registraram perdas significativas no mês, de 7,58% e 5,89%, respectivamente.
Essa volatilidade reflete a tensão entre os fundamentos de oferta e os riscos geopolíticos que continuam a influenciar o mercado.
Risco geopolítico: guerra na Ucrânia e tarifas comerciais

Os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia voltaram ao radar dos investidores. Durante o fim de semana, ataques de drones russos atingiram instalações de energia elétrica no norte e sul da Ucrânia, deixando cerca de 60 mil pessoas sem luz. A maior empresa privada de energia do país, a DTEK, informou que quatro unidades na região de Odessa foram danificadas, enquanto 30 mil residências ficaram sem eletricidade em Chernihiv.
Em resposta, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy prometeu novas ofensivas em território russo, aumentando a incerteza sobre uma possível escalada militar. Esse tipo de instabilidade costuma elevar o chamado “prêmio geopolítico” do petróleo, sustentando os preços mesmo diante de fundamentos baixistas.
Além disso, há expectativa de novas tarifas comerciais dos Estados Unidos sobre importações da China, maior compradora de petróleo russo. Analistas avaliam que medidas nesse sentido poderiam desorganizar os fluxos globais de energia, aumentando a pressão sobre os preços e a volatilidade do mercado.
Excesso de oferta: projeções para os próximos trimestres
Apesar dos riscos geopolíticos, as projeções de longo prazo apontam para um cenário de excesso de oferta. Segundo relatório do Goldman Sachs, o Brent pode recuar para a faixa baixa de US$ 50 o barril até o final de 2026, em função de um superávit médio de 1,8 milhão de barris por dia entre o quarto trimestre de 2025 e o quarto trimestre de 2026.
Esse superávit pode resultar em um aumento de quase 800 milhões de barris nos estoques globais, com cerca de um terço concentrado nos países da OCDE. O banco ressalta que, embora os preços devam se manter próximos dos contratos futuros ao longo de 2025, a tendência é de queda em 2026, quando o crescimento dos estoques se intensificar.

China como fator de equilíbrio
Um ponto que pode alterar essa trajetória é o ritmo de acúmulo dos estoques chineses. Caso a China acelere sua compra de petróleo, passando de 0,4 milhão para 0,8 milhão de barris por dia, o Brent poderia se manter em níveis mais altos, elevando a cotação média em 2026 em cerca de US$ 6 por barril, para US$ 62.
Essa variável é especialmente relevante, considerando que a China é o maior importador mundial de petróleo e tem adotado estratégias agressivas de estocagem para garantir segurança energética.
O papel da Opep e da produção americana
A expectativa de aumento da oferta por parte da Opep também contribui para a pressão sobre os preços. A organização tem sinalizado que pretende manter ou ampliar sua produção, o que pode intensificar o excesso de oferta no mercado internacional.
Nos Estados Unidos, a produção segue robusta, com cerca de 13,4 milhões de barris por dia. Apesar da queda nos estoques em agosto, o ritmo foi menor que o esperado, sinalizando que o consumo pode estar enfraquecendo.
Perspectivas para o investidor

Segundo a Terra Investimentos, o cenário atual exige cautela e atenção aos movimentos de curto prazo. A combinação entre risco geopolítico e excesso de oferta cria um ambiente de alta volatilidade, em que os preços podem oscilar rapidamente em resposta a eventos inesperados.
Para investidores que operam com commodities, é essencial acompanhar:
- Relatórios de produção e estoques da AIE e da Opep
- Indicadores econômicos da China e dos Estados Unidos
- Notícias sobre conflitos militares e sanções comerciais
- Projeções de bancos e casas de análise sobre o preço do Brent e do WTI
A recomendação é manter uma postura defensiva, com foco em ativos que ofereçam proteção contra oscilações abruptas e que estejam alinhados com os fundamentos de longo prazo.
O petróleo inicia a semana dividido entre o risco geopolítico e o excesso de oferta, criando um cenário complexo para investidores e analistas. Enquanto os conflitos no Leste Europeu e as tensões comerciais sustentam os preços no curto prazo, as projeções de superávit e aumento de estoques apontam para uma tendência de queda nos próximos anos.
A análise da Terra Investimentos reforça a importância de acompanhar os desdobramentos globais com atenção e de ajustar estratégias conforme o comportamento da commodity. Em um mercado tão sensível a fatores externos, informação e agilidade são os principais aliados do investidor.