
A Nvidia, gigante dos semicondutores e principal fornecedora de chips para inteligência artificial, divulgou uma previsão de receita considerada morna para o terceiro trimestre fiscal de 2025. A expectativa de vendas em torno de US$ 54 bilhões, embora esteja alinhada com as estimativas médias de Wall Street, ficou abaixo das projeções mais otimistas, que apontavam para valores superiores a US$ 60 bilhões. O anúncio gerou preocupações entre investidores e analistas sobre uma possível desaceleração no ritmo de crescimento da indústria de IA.
A reação imediata do mercado foi negativa: as ações da Nvidia caíram cerca de 2% no after-market, refletindo o receio de que o boom da inteligência artificial possa estar perdendo força. A empresa, que recentemente ultrapassou US$ 4 trilhões em valor de mercado, vinha sendo considerada o principal termômetro da revolução da IA. Agora, com uma projeção mais cautelosa, surgem dúvidas sobre a sustentabilidade desse crescimento acelerado.
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O impacto da previsão no mercado
A Nvidia tem sido a maior beneficiária da corrida global por infraestrutura de IA. Seus chips são utilizados em data centers, supercomputadores e plataformas de aprendizado de máquina por empresas como Microsoft, Google, Amazon e Meta. Nos últimos dois anos, a companhia viu sua receita dobrar e suas ações dispararem, tornando-se a fabricante de chips mais valiosa do mundo.
No entanto, a previsão para o terceiro trimestre fiscal de 2025 trouxe um sinal de alerta. Embora a receita do segundo trimestre tenha crescido 56% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$ 46,7 bilhões, essa foi a menor taxa de crescimento percentual em mais de dois anos. O lucro por ação, descontados certos itens, foi de US$ 1,05, superando levemente a expectativa de US$ 1,01.
A unidade de data center, principal motor de crescimento da Nvidia, registrou vendas de US$ 41,1 bilhões, ligeiramente abaixo da estimativa média de US$ 41,3 bilhões. Já o segmento de jogos, que já foi a principal fonte de receita da empresa, surpreendeu positivamente com US$ 4,29 bilhões em vendas, acima da projeção de US$ 3,8 bilhões. O setor automotivo, por outro lado, ficou aquém das expectativas, com US$ 586 milhões em receita.
Tensões geopolíticas e restrições à exportação
Um dos fatores que contribuem para a cautela da Nvidia é o cenário geopolítico, especialmente as restrições impostas pelos Estados Unidos à exportação de chips de IA para a China. O mercado chinês, que antes representava uma fatia significativa da receita da empresa, tem enfrentado obstáculos regulatórios e pressão do governo de Pequim para reduzir a dependência de tecnologia americana.
Apesar de uma flexibilização recente nas regras de exportação, permitindo algumas remessas em troca de uma fatia de 15% da receita, a Nvidia não registrou vendas do chip H20 para clientes chineses no segundo trimestre. A incerteza sobre o futuro das operações na China dificulta as projeções de receita e alimenta o temor de que a empresa possa perder competitividade em um dos maiores mercados de tecnologia do mundo.

A bolha da IA está se formando?
A previsão morna da Nvidia reacendeu o debate sobre uma possível bolha no setor de inteligência artificial. Investidores como Nassim Taleb e Ray Dalio já haviam alertado sobre o risco de valorização excessiva das ações ligadas à IA. Taleb chegou a afirmar que a queda da Nvidia pode ser apenas o começo de um ajuste mais profundo no mercado, comparando o momento atual ao estouro da bolha da internet nos anos 2000.
A startup chinesa DeepSeek também contribuiu para o clima de cautela ao anunciar um modelo de IA generativa com desempenho semelhante ao da OpenAI, mas com custos significativamente menores. A notícia provocou uma venda generalizada de ações relacionadas à IA, resultando em uma perda de quase US$ 600 bilhões em valor de mercado para a Nvidia em um único dia.
Recompra de ações e estratégia de longo prazo
Apesar da previsão mais conservadora, a Nvidia continua apostando em sua estratégia de longo prazo. A empresa aprovou um programa adicional de recompra de ações no valor de US$ 60 bilhões, sinalizando confiança em seus fundamentos. Ao final do segundo trimestre, ainda restavam US$ 14,7 bilhões para serem usados no plano anterior.
Além disso, a Nvidia segue investindo em novas tecnologias, como os chips Rubin e Feynman, e em parcerias estratégicas com empresas como General Motors, Oracle e Alphabet. A companhia também anunciou planos para construir um centro de pesquisa em computação quântica acelerada, ampliando sua atuação para além da IA convencional.
O que esperar para o restante de 2025
Embora a previsão para o terceiro trimestre tenha sido considerada morna, a Nvidia ainda é vista como uma das empresas mais bem posicionadas para liderar a próxima fase da revolução tecnológica. A demanda por chips de IA continua robusta entre as gigantes da nuvem, e os investimentos em data centers devem se manter elevados.
No entanto, o cenário macroeconômico e as tensões comerciais com a China seguem como fatores de risco. A indústria de semicondutores é cíclica, e qualquer desaceleração na demanda pode impactar os resultados da Nvidia. Por isso, analistas recomendam cautela e atenção às próximas movimentações da empresa e do mercado global.
A previsão morna da Nvidia para o terceiro trimestre fiscal de 2025 não significa uma reversão de tendência, mas sim um sinal de que o crescimento explosivo da IA pode estar entrando em uma fase de maturação. Com desafios geopolíticos, concorrência emergente e expectativas elevadas, a empresa terá que equilibrar inovação com resiliência para manter sua liderança.
Enquanto isso, investidores e analistas seguem atentos, tentando decifrar se estamos diante de uma correção saudável ou do início de uma desaceleração mais ampla no setor de inteligência artificial. Você pode acompanhar os desdobramentos no Infomoney e na análise de mercado feita por NeoFeed.