
A IRB Brasil Resseguros (B3: IRBR3) encerrou o segundo trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 144 milhões, o que representa um avanço de 120% em comparação ao resultado de R$ 65,2 milhões apurado no mesmo período de 2024. Esse crescimento robusto foi puxado principalmente pelo desempenho financeiro e patrimonial, bem como pela forte retomada do resultado de subscrição, apesar do cenário desafiador no mercado de resseguros. O avanço surpreendeu analistas, reacendeu a cobertura de compra de diversos departamentos de research e impulsionou uma alta imediata de até 5% nas cotações das ações IRBR3 nos pregões seguintes.
- IBGE Abrirá 9.580 Vagas Temporárias para Agentes de Pesquisa e Supervisores em Todo o Brasil
- Forbes The Founders 2025: Os Empreendedores que Fazem a Diferença
Panorama Geral dos Resultados do 2T25
Abaixo, o resumo das principais métricas financeiras da IRB (Re) no segundo trimestre de 2025:
Indicador | 2T25 | Variação Anual | Comentário |
---|---|---|---|
Lucro líquido | R$ 144 milhões | +120% | Beneficiado por R$ 163 mi em resultado financeiro e R$ 229 mi de subscrição positiva |
Prêmios emitidos | R$ 1,343 bilhão | –6,3% | Queda refletiu retração em segmentos específicos, como seguro rural |
Índice de sinistralidade | 51,9% | –13 p.p. | Nível significativamente inferior ao de 2024, sinal de melhoria na seleção de riscos |
Resultado financeiro e patrimonial | R$ 163 milhões | – | Impacto das taxas de juros elevadas e posicionamento ativo em ativos financeiros |
Resultado de subscrição | R$ 229 milhões | +579% | Recuperação forte após provisões elevadas no ano anterior |
Despesas administrativas | R$ 98 milhões | +17% | Pressão de custos com pessoal e terceiros, parcialmente mitigada por planos de racionalização |
Retorno sobre patrimônio tangível | 23% (últimos 12 meses) | – | Combinou evolução do lucro com manutenção de solvência elevada |
Solvência (capital mínimo) | 237% | +51 p.p. | Excedente de R$ 490 milhões sobre o exigido após adoção do IFRS 17 |
A combinação entre crescimento de lucro, disciplinada gestão de sinistros e ampliação da solvência confere ao IRB (Re) uma posição confortável para a retomada de dividendos e para suportar eventuais oscilações do mercado de resseguros.
Detalhamento do Desempenho Financeiro
1. Lucro Líquido e Fatores Determinantes
No 2T25, o lucro líquido alcançou R$ 144 milhões, um salto de 120% ante os R$ 65,2 milhões do 2T24. Esse resultado decorreu de três pilares principais:
- Resultado Financeiro e Patrimonial: R$ 163 milhões, incluídos ganhos com ativos financeiros em um ambiente de juros elevados e efeitos de marcação a mercado.
- Resultado de Subscrição Positivo: R$ 229 milhões, refletindo reversões de provisões e melhorias na seleção de riscos, frente a apenas R$ 33,7 milhões no 2T24.
- Redução do Índice de Sinistralidade: Para 51,9%, queda de 13 pontos percentuais frente ao ano anterior, demonstrando disciplina na aceitação de riscos e controle de custos de sinistros.
Esses elementos criaram um efeito sinérgico, ampliando a lucratividade operacional do IRB, mesmo diante de um volume de prêmios emitidos 6,3% inferior ao verificado em 2024.
2. Receita de Prêmios e Sinistralidade
Os prêmios emitidos totalizaram R$ 1,343 bilhão no trimestre, frente a R$ 1,434 bilhão um ano antes, em razão de retrações pontuais em linhas como rural e de automóveis comerciais, impactadas por volatilidades macroeconômicas e ajuste de tarifas pelas seguradoras cedentes.
O índice de sinistralidade de 51,9% foi determinante para a rentabilidade, já que sucumbiu em 13 pontos percentuais ao comparativo com 2T24, quando atingiu níveis acima de 65%. A redução deriva de:
- Melhoria na quantificação de riscos e subscrição mais seletiva.
- Ações de reversão de provisões para Sinistros Ocorridos e Não Relatados (IBNR).
- Menor frequência de eventos de grandes sinistros, como grandes danos patrimoniais.
3. Resultado Financeiro e Patrimonial
O resultado financeiro e patrimonial aportou R$ 163 milhões no 2T25, comparado a R$ 149,8 milhões reportados por outro instituto em métricas próximas. Esse desempenho decorreu de:
- Captação de recursos em prazos otimizados, aproveitando a curva de juros local.
- Alocação em títulos públicos e instrumentos de crédito privado com spreads atraentes.
- Ganhos de variação cambial e marcação a mercado de alguns ativos.
Apesar de uma leve redução (–2%) em relação ao 1T25, o segmento financeiro segue estratégico para a geração de caixa e para a sustenção das métricas de solvência do IRB.
4. Resultado de Subscrição
O forte resultado de subscrição de R$ 229 milhões representou alta de 579% frente ao 2T24, quando o IRB registrou apenas R$ 33,7 milhões nesse indicador. A comparação ano a ano evidencia:
- Provisões excessivas em 2024, gerando efeito base fraco para 2025.
- Ajustes na metodologia de cálculo de reservas para IBNR, com reversões pontuais.
- Novas políticas de rateio de riscos e renegociações em contratos de grande porte.
Esse indicador de subscrição passou a ser o principal vetor de crescimento de lucratividade, sinalizando um ponto de inflexão na trajetória de recuperação do ressegurador.
5. Controle de Despesas Administrativas
As despesas administrativas somaram R$ 98 milhões, um aumento de 17% sobre o 2T24, quando foram registradas despesas de R$ 84 milhões. Os itens que mais pesaram:
- Incremento de R$ 5 milhões na folha de pessoal, incluindo provisões para bônus e encargos.
- Acréscimo de R$ 5 milhões em serviços de terceiros, ligados a consultorias de risco e compliance.
- Elevação de R$ 4 milhões em “outras despesas”, abarcando despesas de TI, viagens e eventos.
Para mitigar esse crescimento, o IRB implementou no início de 2025 um plano de racionalização de custos que contemplou:
- Corte de pessoal administrativo e simplificação de estruturas hierárquicas.
- Renegociação de contratos com fornecedores estratégicos.
- Revisão de processos internos para ganhar eficiência operacional.
Indicadores de Solvência e Patrimônio
A adoção da norma IFRS 17 e a manutenção de capital ajustado acima do mínimo regulatório permitiram à companhia fechar o trimestre com solvência de 237% do capital exigido, o que significa um excedente de quase R$ 490 milhões sobre o mínimo estabelecido. Esse patamar:
- Confere ao IRB uma folga financeira para eventuais pressões de sinistros atípicos.
- Sustenta a retomada de dividendos, prospectada para o terceiro trimestre de 2025.
- Permite uma estratégia mais conservadora de subscrição e expansão de carteira.
O retorno sobre o patrimônio tangível (RoTE) de 23% nos últimos 12 meses reforça a capacidade de geração de valor para acionistas, acima da média histórica do setor.
Desempenho por Segmento de Negócio
Segundo apuração interna, o IRB dividiu seu portfólio em dois grandes blocos:
Segmento | Lucro Líquido 2T25 | Variação vs 2T24 |
---|---|---|
P&C (não-vida) | R$ 139 milhões | +16,8% |
Vida | R$ 5 milhões | Inverteu R$ 54 milhões de prejuízo |
O segmento P&C (Property & Casualty) foi responsável por 96% do resultado líquido, enquanto Vida passou de prejuízo no ano anterior para lucro, graças ao processo de limpeza de carteira e ajustes de reservas.
Reação do Mercado e Perspectivas de Analistas
Comportamento das Ações IRBR3
No pregão de 15 de agosto de 2025, as ações do IRB (Re) chegaram a saltar 5% logo na abertura, refletindo otimismo com os números divulgados, e fecharam com ganho de 3,15%, cotadas a R$ 47,87.
Opinião dos Bancos e Corretoras
- BTG Pactual: Mantém recomendação “Compra” com preço-alvo de R$ 56,00, destacando a forte margem de subscrição e a capacidade de retomar dividendos a partir do 3T25.
- Safra: Classificação “Neutra”, apontando que o crescimento de prêmios deverá permanecer moderado até 2026 e que a expansão de lucro depende do fortalecimento gradual da receita de subscrição.
- XP Investimentos: Observa equilíbrio entre disciplina de subscrição, sólida solvência e desempenho financeiro, mas recomenda cautela até que a retomada de dividendos seja confirmada.
Cenário do Mercado de Resseguros no Brasil
O segmento de resseguros brasileiro permanece em um “hard market”, caracterizado por maior oferta de capital global, mas com:
- Tarifas ainda pressionadas em algumas linhas de negócios.
- Regulação mais rígida, elevando exigências de solvência.
- Concorrência acirrada tanto de resseguradoras locais quanto de unidades de grandes grupos internacionais.
No seguro rural, a retração de demanda tem sido notória devido a fatores macroeconômicos, como menor subvenção federal e revisão de taxas pelas seguradoras cedentes, afetando diretamente o volume de negócios do IRB nesse segmento.
Estratégias e Fatores de Crescimento Futuro
Para sustentar o impulso positivo, o IRB (Re) deve seguir:
- Disciplina de Subscrição
Manter a margem técnica robusta, com foco em linhas de melhor rentabilidade e menor sinistralidade. - Gestão Ativa de Investimentos
Ajustar a carteira financeira conforme o cenário de juros e câmbio, equilibrando liquidez e rentabilidade. - Aprimoramento Operacional
Automatizar processos de emissão, sinistros e compliance para reduzir despesas e acelerar prazos. - Baixo Perfil de Endividamento
Permanecer com estrutura de capital conservadora, fortalecendo o rating e validando a retomada de dividendos. - Expansão Seletiva de Carteira
Buscar nichos em que o IRB possua expertise diferenciada, como riscos de engenharia e multiriscos corporativos.
Implicações para Investidores
Para quem acompanha IRBR3, o cenário atual traz:
- Oportunidade de valorização: ações negociadas a P/L de 6,7× para 2025, abaixo da média histórica do setor, e RoTE de 23%.
- Risco moderado: concentração de resultados em menos linhas de negócios e competição de players globais.
- Potencial de dividendos: com solvência de 237%, a expectativa é de retorno de caixa já no 3T25.
- Visão de longo prazo: lucratividade retomada e entrega consistente de resultados podem reverter o desconto histórico da ação no Ibovespa.
O lucro líquido de R$ 144 milhões no 2T25, alta de 120%, marca um ponto de virada para o IRB (Re) após fases de ajustes de provisões e desalavancagem operacional. A combinação de resultado financeiro robusto, disciplinada seleção de riscos e forte solvência impulsionou a confiança do mercado e gerou sinais claros de que a companhia retoma uma trajetória de geração de valor sustentável.
Para investidores, IRBR3 apresenta-se como uma oportunidade de exposição ao segmento de resseguros com valuation atraente, perspectiva de dividendos e fundamentos em evolução. Resta acompanhar a efetividade das estratégias de subscrição e o ritmo de expansão dos prêmios para confirmar a consistência dessa recuperação.