
Em uma das maiores ações coordenadas contra crimes financeiros envolvendo criptomoedas em 2025, a Tether anunciou o congelamento de US$ 49,6 milhões em USDT pertencentes a golpistas que operavam na região da Ásia-Pacífico. A operação contou com o apoio direto das exchanges Binance e OKX, além da empresa de análise blockchain Chainalysis, e representa um marco na cooperação entre instituições privadas e autoridades públicas para combater fraudes digitais.
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A iniciativa teve como foco principal desmantelar um esquema conhecido como “pig butchering”, uma modalidade de golpe que mistura manipulação emocional com falsas promessas de investimento. A ação reforça o papel das stablecoins como ferramentas não apenas de liquidez, mas também de segurança, quando utilizadas com responsabilidade e supervisão.
O que é o golpe “pig butchering”?
O termo “pig butchering” — que pode ser traduzido como “abate de porcos” — descreve uma técnica de fraude em que os criminosos “engordam” suas vítimas emocionalmente. Eles constroem uma relação de confiança por meio de interações românticas ou amigáveis, geralmente em redes sociais ou aplicativos de mensagens, e depois induzem essas pessoas a investir em plataformas falsas.
Esses investimentos são apresentados como oportunidades seguras e lucrativas, mas na verdade são esquemas fraudulentos. Os golpistas chegam a enviar pequenos retornos para manter a ilusão de legitimidade, até que desaparecem com os fundos. Segundo o FBI, esse tipo de golpe está em ascensão e já causou perdas superiores a US$ 5,8 bilhões em 2024.
Como a investigação foi conduzida
A operação foi liderada por autoridades da Cooperação Regional de Integração da Ásia-Pacífico (APAC), que utilizaram ferramentas da Chainalysis para rastrear os fundos desviados. A análise identificou dezenas de transferências realizadas entre novembro de 2022 e julho de 2023, que passaram por carteiras intermediárias antes de serem consolidadas em endereços controlados pelos golpistas.
A Binance e a OKX colaboraram fornecendo dados e suporte técnico para identificar os fluxos de transações. A Tether, por sua vez, utilizou sua capacidade de congelamento de tokens USDT — uma funcionalidade que permite bloquear ativos em endereços específicos — para impedir que os criminosos convertessem os valores em moeda fiduciária.
Segundo Paolo Ardoino, CEO da Tether, “estamos dedicados a trabalhar com agências de aplicação da lei em todo o mundo para congelar fundos associados a golpes de ‘pig butchering’ e todo tipo de atividade ilícita, com o objetivo final de fornecer reparação às vítimas”.

O papel das parcerias público-privadas
A ação conjunta entre Tether, Binance, OKX e Chainalysis destaca a importância das parcerias entre empresas privadas e autoridades públicas na luta contra crimes financeiros. Erin Fracolli, chefe global de inteligência da Binance, afirmou que “nossa colaboração com essas organizações destaca o papel essencial das parcerias público-privadas para subverter operações criminosas e trabalhar para compensar as vítimas”.
Um investigador da OKX complementou: “Ao analisar esses golpes, as pessoas muitas vezes não entendem como as vítimas caem neles e muitas vezes as culpam. Não se baseia na inteligência de alguém, mas sim em suas vulnerabilidades, e os golpistas são hábeis em descobri-las.”
Tether e sua capacidade de congelamento
Ao contrário de criptomoedas como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), que são descentralizadas e não possuem mecanismos nativos de congelamento, o USDT é uma stablecoin emitida por uma entidade centralizada — a Tether. Isso permite que, mediante solicitação legal ou evidência de atividade ilícita, a empresa possa congelar fundos em carteiras específicas.
Essa funcionalidade tem sido usada em diversas ocasiões. Em novembro de 2023, a Tether congelou US$ 225,3 milhões em USDT ligados a um grupo internacional de tráfico humano no sudeste asiático, também com apoio da OKX e do Departamento de Justiça dos EUA.
Impacto da operação no mercado
O congelamento de US$ 49,6 milhões em USDT representa um avanço significativo na capacidade de resposta do setor cripto contra fraudes. Embora o mercado de criptomoedas seja conhecido por sua descentralização, ações como essa mostram que há espaço para mecanismos de proteção e responsabilização.
Além disso, a operação reforça a confiança dos usuários em plataformas que adotam medidas proativas de segurança. A transparência e a colaboração entre empresas e autoridades são vistas como fundamentais para o amadurecimento do setor.
O que os usuários devem fazer para se proteger
Embora a tecnologia esteja evoluindo para combater fraudes, os usuários também precisam adotar práticas seguras:
- Desconfie de promessas de lucro rápido ou garantido
- Evite compartilhar informações pessoais com desconhecidos
- Verifique a legitimidade de plataformas de investimento
- Use carteiras seguras e autenticação em dois fatores
- Nunca envie criptomoedas para alguém que você não conhece pessoalmente
A educação digital é uma das principais ferramentas para evitar golpes. Conhecer os riscos e saber como identificar sinais de fraude pode fazer toda a diferença.
A decisão da Tether de congelar US$ 49,6 milhões em USDT com apoio da Binance, OKX e Chainalysis marca um momento importante na luta contra crimes financeiros no universo cripto. A operação mostra que, mesmo em um ambiente descentralizado, é possível implementar medidas eficazes de proteção e responsabilização.
Com o crescimento dos golpes de “pig butchering” e outras fraudes digitais, ações coordenadas como essa são essenciais para proteger usuários e fortalecer a credibilidade do setor. A colaboração entre empresas e autoridades, aliada à conscientização dos usuários, é o caminho para um ecossistema mais seguro e sustentável.